quarta-feira, dezembro 19, 2007

Longe de casa, ficava mais próximo de seu coração selvagem.
O gosto, o cheiro, os rostos: tudo agora tinha ares estrageiro. Falta aquela sensação de colchão no canto da sala. Faltam as conversas rotineiras e os olhares de compreensão. Para compensar: converse ao máximo com as pessoas, pois isso lhe trará histórias e universos mil. É incrível: quanto mais universal, mais pessoal e intransferível. Estar distante de casa só o faz ter mais certeza de que estar em casa é a sua única e melhor certeza. Quando voltar vai querer comprar uma casa no campo, para guardar seus amigos, seus livros e discos. E nada mais.

(Texto para alguém muito especial, que está longe).

domingo, dezembro 16, 2007

Tinha dias em que ela acordava e se sentia um iceberg em meio ao Pinheiros. Com esse sentimento ela sempre misturava música boa, filmes interessantes e palavras bonitas. Tirava as melhores conclusões sobre a vida.

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Ela queria era desconhecê-lo todos os dias. Queria sentir a sua respiração suave como se fosse a primeira vez. Queria o encontrar dos olhos, de um jeito ainda misterioso de transparecer aquilo que sente. Queria as risadas mais verdadeiras, durante as conversas mais toscas. Ela gostaria mesmo que tudo sempre fosse novidade. Mas uma novidade simples, quase minimalista nas palavras e gostos. Queria a vida mais vida, como café coado na esquina.

domingo, novembro 11, 2007

Da caixa com o laço vermelho veio aquela sensação de borboletas batendo asas no estômago. Ele era a sua melhor versão masculina. Por ele, agora, ela faria tudo e iria a qualquer lugar. Já provara ser especial no dia em que largou a chave de fenda e foi soltar pipa no quintal. Ela queria conhecê-lo, queria andar no banco de trás do seu carro. Então: uma lupa. Esse era o presente da fita vermelha. E ele disse: "vai descobrir o mundo". Ela, desde então, obedeceu. De pequena ainda precisava do objeto, hoje não. Analisa milimetricamente cada coisa, em seu lugar ou não. E entende que toda a origem da necessidade de observar vem daquela oficina. É a vontade de montar e desmontar o mundo, para assim, compreendê-lo melhor.

quinta-feira, outubro 25, 2007

Agora, ela já não andava com a leve sutileza de outrora. Seus pés estavam fincados no chão. Assim, tirava a toalha da mesa e chacoalhava para sair todas as migalhas. Era o seu momento ápice do dia. Nessa hora, quando sozinha em casa, sem a fala grossa de Carlos, sentia-se dona de si e da sua história. E chorava, às vezes. Como quem chora pelas bagagens da vida. Não sabia o porquê daquele nó da garganta. Alguns acreditavam que ela andava louca. A vizinha sempre disse que a moça carregava ressaca no olhar. Era a tristeza que habitava o seu interior mais profundo.
No dia 25 de abril de 1994, ela decidiu que seria infeliz. E assim foi, desde então.
Casou-se aos 30 anos, é dona de casa e às vezes pinta, canta e fala sozinha. Ana é o seu nome. Ela gosta de azul, mas se nega a usá-lo. Não tem filhos, ainda. Da infância à maturidade lhes direi depois. Mas, tente entender o presente que a ronda. Era um acordar e dormir eterno. Todo dia era domingo e todo domingo ela vestia sua blusa amarela cor de ovo. Ela se sente amada, sabe que Carlos come um caminhão de merda por eles. Justo aí surge todo o desinteresse e a acomodação. Ana é complicada, pensa o sentimento e a expressão não vêm. Gosta de flores, tulipas mais precisamente. Olha para elas e sente toda a subjetividade da natureza. Mais uma constatação: gosta de sentir e se afasta do dizer. Por isso, é tão difícil escrever sobre ela. O livro teria umas duas páginas de folhas brancas com cheiro e gosto.
Voltando ao presente, ao Carlos e a tristeza. Ana queria ter 20 anos e todas as possibilidades desse tempo. O relógio agora era seu martírio. Se bem que a essa altura, pouco se importava com a passagem do tempo. Media a hora pelas refeições, porque de resto andava meio perdida nos seus pensamentos. Realmente, os vizinhos estavam com toda razão. A loucura tinha acometido aquela cabeçinha. Ela veio aos poucos, passando as mãos em seu cabelo, dizendo palavras bonitas e foi. Aproveitou-se da sua inconstância e de seu coração solitário. E do seu próprio não-entender.
Tinha esperanças. Quer dizer, isso até o mês nove desse ano. Quando ainda fazia diferença viver e morrer, falava pouco, no seu tom subjetivo e se questionava sobre as coisas. Gostava quando, ao acordar, Carlos colocava-a no peito. Era incrível como o encaixa era perfeito. Ele falava de catástrofes aéreas, ela pensava na dor de perder um ente querido. Entendia que a comoção era geral, mas as tragédias, essas eram sempre particulares e intransferíveis. Ele falava de e-mail, cotações e trânsito. Ela era uma menina do tempo de cartas. Nesse tempo ainda de primaveras internas, gostava era das coincidências. Coincidências que vinham da alma e deixavam a vida com gosto de caldinho de chiclete de morango.

terça-feira, outubro 16, 2007

Tô precisando escrever aqui
Tô precisando pensar
Tô precisando estudar
Tô precisando assistir
Tô precisando ler
Viver: talvez é o que mais falta.
Todo dia tá com cara de domingo
Ainda bem que existe você pra compensar
Obrigada por ser a livraria cultura do meu conjunto nacional.

quarta-feira, outubro 03, 2007

Agora, a vida andava automaticamente. Acordar e durmir. Outlook, Excel, Power Point. Era a vida mais cheia de "sim" e "não". Nenhum talvez? Não. E aí vinha aquele balançar de cabeça. Para ciiiima e para baixo. Como se tivesse entendendo tudo. Como se não estivesse com a cebeça nas nuvens. Ainda bem que ainda existe a "morte da bezerra" para se pensar, enquanto nada de genial vem.

quinta-feira, setembro 27, 2007

Ela sabia que ainda não era a hora de voltar a terra do nunca. Era preciso aguentar firme. Era necessário esquecer aquela voz que vinha ao seu pé do ouvido e dizia: Hey, cadê aquela menina de sonhos? Assim, acreditava que um dia (não tão distante) poderia mandar tudo pro espaço. Afinal, a vida é um eterno silêncio que precede o foda-se.

sábado, setembro 15, 2007

Não há mais nada a dizer.
Apenas a expectativa pulsava seu coração e movimentava o seu corpo. Há muitas pessoas especiais. Há causas diárias para abafar o abismo entre o que se é e aquilo que se quer ser. Naquele momento, ela queria era carregar todo o sentimento do mundo em sua mochila. Ela queria também saber explicar o que sente. Por dentro, aquilo às vezes lhe causava dor de sair. O regorgitar da alma é doloroso, mas ela sabia que as borboletas viriam depois.

domingo, setembro 09, 2007

Eu gosto de você e não sei bem o porquê.
Vai ver que é o bem que você me faz
O meu bem querer.
Vai ver que é o susurro breve seu no meu
Enquanto meu mundo for parte do teu
Viverei de amor: simples assim
Sem buscar entender o tal porquê.

quinta-feira, setembro 06, 2007

É duro conhecer a São Paulo das seis da tarde. Não é bonito, nem cheira bem. Nessa hora, aquela solidão particular bate. O mesmo sentimento é compartilhado pelos que estão nos carros, de ônibus ou a pé. Esse fim de tarde é triste, porque todos estão apáticos, pedindo roupa lavada com cheiro de Comfort. Nesse momento, eu sempre me questiono sobre tudo. O meu referencial de felicidade muda, minha paixão pelo cinema cresce, a vontade de conhecer o desconhecido aumenta. É o instante em que eu penso: putz, poderia ter feito outra coisa da vida.
Tudo isso dura mais ou menos uma hora. E quando passa, eu volto a admirar a selva de pedra e todas as descobertas (internas e externas) que ela me permite.

sexta-feira, agosto 31, 2007

Ela sentia que a partir de agora viveria tempos de mudanças e novas adaptações. Assim, sentia o peso do enxugar de possibilidades. Sentia medo de nunca mais ser feliz como foi nesses últimos tempos. Vivia seu apartheid particular. E ao caminhar pelas ruas, um pedaço seu queria fazer um mochilão pela Europa, o outro gostava do silêncio empresarial que emanava do Brooklin.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Que Guimarães me permita encontrar a minha terceira margem do rio.

sexta-feira, agosto 10, 2007

Essa semana foi estranhamente boa.

...

Assisti Volver
Corri no Cepê
Conversei com a Má
Me surpreendi com a Rê
Li os textos de psicologia
Comi pastel com a Dé
Discuti traumas familiares com a Cris
Pensei, muito.
E de quebra, consegui um estágio.

sábado, agosto 04, 2007

Não procure me entender. Quando você conseguir já estarei a milhas daqui. Não preencha nenhum espaço, entenda que isso não é uma questão de traumas familiares. É algo que está comigo desde o tempo daquele pé de romã. Sou água que não para na mão. Sou dois pontos no fim da frase. O meu Eu te amo ainda é vago, mas se acalme. Um dia eu te direi loucamente que não consigo viver sem você. O que será uma grande mentira. Nada nasce grudado com a gente. A não ser nosso eu-lírico mais inquietante e perturbador, que eu chamo de egoísmo.

sexta-feira, julho 27, 2007

Junto com o fim de tarde sempre vinha aquele sentimento estranho, um tipo de luto particular. A ausência era algo que a enlouquecia, até mais que a solidão. Mas mesmo assim, existia a possibilidade do sentimento ainda não corrompido pela certeza, pela rotina de cada dia. Então, eis que surge ele. E a vida que poderia ter sido e sempre foi. Porque afinal, agora eles poderiam casar e ter filhos. Ou não. Apenas poderiam curtir a tediante maturidade de ambos. E esperar pelos próximos capítulos.

terça-feira, julho 17, 2007

A amizade é um namoro sem fim. Como diria o poeta "O amor que nunca morre". Esses dias eu tenho voltado para o sertão: ando cultivando com muita risada e conversa boa, meus antigos amigos. Aqueles que no meu álbum eu chamo de "Meus pezim de arvace". Daí, quando eu estou lá, eu sinto falta da intensidade daqui. Os amigos da selva de pedra têm função e gosto diferente. É como se eles desconhecessem a minha real razão de amá-los. Mas, tanto a velha guarda, como os meus novos laços, dia após dia solidificam meu ser, na sua essência mais plena. Pois amizade para mim sempre apresentou uma importância sem precisar de causa e consequência, não é bala de troco. É tudo que me permite e não me cansa.

segunda-feira, julho 09, 2007

Do silêncio que vinha dos pratos, surgiu uma dor que vinha do ventre até a cabeça. Assim, o choro era contido, por entre os talheres de prata. Os olhares se perdiam em meio a conveniência de cada dia. A rotina escondia a avalanche de sentimentos e medos, enquanto a sobremesa não vinha. Os pequenos prazeres a ajudavam esquecer as dificuldades internas. Quando ele surgiu no canto da sala, a comida desceu seca. Rapidamente sua taça se encheu de vida até a boca e ela conseguiu ver uma luz no fim do salão. A aproximação foi rápida: com os olhos (agora fixos), conversaram no silêncio mais esclarecedor de suas vidas. Então: o beijo. E fogos de artifício, imaginários.

quinta-feira, julho 05, 2007

Naquele bilhete as palavras foram escritas com caramelo. A mesma cor dos olhos que hoje pouco vê. Mas mesmo assim, apesar da saudade imensa, o mesmo gosto ainda sobrevive. Porque era difícil se adaptar aquele novo sabor de pedra e concreto. Agora, existia a imensidão dos edifícios e a dificuldade de entender seu papel no mundo. Como um grão de areia, tentava reler antigos textos, encontrar uma razão cada vez mais fugitiva e inimiga. O medo de tudo, nunca de todos, cercava seu mundo na metrópole. Afinal, toda imensidão é um grande vazio de coisas, sempre a procura de almas inquietantes.

sexta-feira, junho 29, 2007

2007 veio para provar que nem tudo que se quer é o que se tem
Veio devagarinho, com passos na ponta do pé
Veio para cumprir promessa de dias melhores
Veio para dar aquele tapinha companheiro nas costas
Veio para dizer que a adaptação é dura e demorada
Veio para ensinar a dizer adeus
Veio para recolher as roupas no varal
Veio para tirar aquele sofá da sala
Veio para compreender os dilúvios imaginários
Veio para se viver um dia depois do outro

terça-feira, junho 26, 2007

Da vontade de dizer "erramos" surgiu esse sentimento que me persegue algumas semanas. Como um grande nó na garganta que não me impede de respirar, mas sim, falar, sentir. Ontem, em meio a 17 pessoas, eu chorei pela partida de uma. Porque, afinal, o fim nunca esteve tão perto e esse ano eu já estou cansada de enfrentar "finais". É um casamento, uma morte, uma partida, um aperto. Só preciso de um começo. Sem o abandono das velhas amizades e manias. Somente uma nova rotina, um novo alguém, novos ares. Esses 12 meses foram os melhores da minha vida, mas já é tempo de partir. FIM.

sábado, junho 23, 2007

Daí, ela começou a pensar sobre toda a história do mundo. E pensar nisso era uma forma de se contradizer e questionar. Pelo simples fato do questionamento, da dúvida crônica, da incerteza mais certa. Aí, ela sempre pensa no universo. Na imensidão. Não dá muita importância para essa baboseira científica. Ela prefere viver na sua galáxia de desafetos, tentando procurar estrelas. E assim, é a vidinha de cada dia. Existe a disputa entre galáxias internas e externas. É como se por fora existisse o aquecimento, mas dentro as geleiras nunca acabassem. Isso é o encontro do particular e o global. O mundo de incertezas que nos separa da concepção do outro. O ponto de encontro entre o que eu penso e aquilo que falo. O segundo que pode filtrar quem somos.

terça-feira, junho 12, 2007

Em meio a folia e o caos, cá estou.

Ando querendo escrever um livro, mas as palavras me fogem como se eu fosse um caçador de seus significados. A inspiração vem, inclusive com o sofrimento. Mas eu me calo, assim não escrevo. Nem a euforia do JUCA já me é epifânica. Talvez falte talento, inspiração, tesão, sei lá. Mas o negócio é o seguinte, o livro vai vir, mesmo que devagar e sempre. E vai ser uma auto-não-biografia, com nomes trocados e muita coisa em comum. Porque nunca um momento foi tão decisivo quanto esse, por isso, preciso registrar. O período é propício para se criar personagens e vivê-los, enquanto espera-se ônibus na consolação.

quarta-feira, junho 06, 2007

Indo para os quatro dias de um sonho. Não me acorde até segunda. Obrigada.

terça-feira, junho 05, 2007

Eu não queria ser a ponte. O entremeio entre o que ela sente sobre o repúdio daquela velha toalha de rosto bordado "ele". Aí, eu nem queria ter nascido, porque felicidade eu nunca senti naquele "nós". O vazio de sentimento sempre cercou-nos de uma forma quase sufocante. O triste agora é ver a tristeza em ambos os lados, como se a vida fosse só esse meio metro de vida a dois, separados por um buraco negro. Eu queria que os dois escutassem Los Hermanos, mas principalmente ele, para entender que a vida não deve ser não-vida, como num quadro pendurado na parede, ou como aquele relicário na estante. A vida é uma grande ousadia diária e sofrer é só mais um modo de ver graça no óbvio. Porque todo mundo sobrevive no final das contas. É só acreditar. A vida pós 25 anos, deve ser até melhor sabia. Queria que você acreditasse nisso. E me deixasse ajudar de alguma forma deveras humana.

sexta-feira, junho 01, 2007

Tô sem tempo para fazer coisas simples e fúteis. Isso dói. Queria muito subir no relógio e gritar: "pai te amo" e tenho medo dessas duas últimas semanas serem culpadas pela minha crise dos 30. Tudo bem esse post é total nonsense e descriativo. Mas é que eu tava com saudade de escrever e não pensar em nada coerente.

domingo, maio 20, 2007

Ando vivendo uma vida estranha. Contraditória. Ao mesmo tempo que morro de felicidade, sinto uma tristeza que me persegue e faz meus cabelos cairem. Não sei se é reflexo do sofrimento de alguém, pois aqui dentro não há lamúrias. Quando eu digo de alguém, são aquelas pessoas que mesmo longe, de certa forma me influenciam, como se todos os dias me acordassem com um sussurro leve e maternal. A Júnior está acabando e isso me assusta, porque terei de cuidar de mim. Avaliar milimetricamente os meus reais problemas. E ajudar mais, escutar mais e viver mais os problemas que hoje eu tanto evito. Evitar é uma forma de não perder o foco. Então, perdoe-me pela ausência e o pelo nó na garganta que muitas vezes me impede de falar. Quando tudo isso aqui passar, eu volto por inteiro e a gente vai poder comer pão do Zappas e tomar Coca-cola gelada todo dia.

quarta-feira, maio 16, 2007

Vocês precisam conhecer o Canil.
Em dias de festa, sempre tem uma badinha simpática (ou não) tocando
As pessoas dançam como se o momento fosse único
Ele tem um quê de idealismo de 70
Um jeito assim meio "todas as conversas de uma revolução começaram aqui"
Parece berço de protesto, mas ainda cheira casa de cachorro
A estética é urbana, suja, ousada.
Mas, esquece tudo que eu disse,
Quando você ver do que trata
Não vai dar nada.

domingo, maio 13, 2007

O tempo passa rápido pra caralho. Aqui, a acidez paulistana vira leite condensado. Porque não é um ano, alguns dias, é a história contada desde o lápis até o blog. Daí, a gente se olha e só hoje entende o quanto é bom se olhar. E eu agradeço ao papai do céu pelos amigos verdadeiros, esses de longa data. Porque nem tudo na vida é tão intenso como o retorno fiel de uma amizade cultivada com fondue na casa do Lô. Obrigada pessoas.

quinta-feira, maio 10, 2007

Quando eu vim para "Sampa", tive a grande sorte (leia:mordomia) de vir com carro. Passei uma ano perambulando por vários cantos dessa cidade maluca. Saia de casa sem nem saber o caminho direito e sempre dava tudo certo. Ok... foi bom enquanto durou. Agora eu descubro novos ares. Meu carro voltou para Rio Preto, por motivos pessoais (leia: eu sempre achei que era um desperdício, dá muito bem para se virar com vinte e poucos anos). Todos os dias eu desço a ladeira, pego um Circular 1. É uma sensação única (leia: tudo bem... eu sou uma ecana que vê epifanismo em tudo). Mas é sério. Primeiro que, o fato do circular ser de graça, a gente vê muita coisa para um dia só. Estudantes, crianças, idosos, mulheres discutindo qual o melhor método contraceptivo, funcionários reclamando, etc (leia: vários etc). Ás vezes, eu pego o circular 2, ele dá uma baita volta. E eu percebo o quão cosmopolita a Cid. Universitária pode ser. Vejo mil tipos, cada departamento com o seu way of life, pessoas correndo, animais perambulando sem rumo, fico lendo os escritos nos pontos e vejo a agonia nos olhos de alguns. Daí eu me lembro o quanto meu sonho (leia: passar na USP e ser orgulho da família) não combinava com isso, não pensava exatamente que ia ser assim, cheio de árvores e greves. Mas apesar dos pesares, ainda me sinto especial (leia: viu, André?) por estar aqui no perrengue e na alegria de cada dia. É do caralho fazer parte disso. Passar pela FAU, depois pelos bancos e avistar ao longe a minha nova casa. Porque aqui eu me descubro e me permito. Aqui eu me sinto muito bem, obrigada. Por isso, mãe e pai não se preocupem comigo. Estar sem carro não é o grande problema. É só uma descoberta, como tudo na vida.

quinta-feira, maio 03, 2007

Depois daquela viagem ela cantava Beija eu pelos cantos. Uma bolha cósmica protegia aquele lugar, aquelas pessoas, mesmo que o para sempre, sempre acaba. O que os une é um eterno retorno eterno e mil momentos da verdade. O que a faz tão mágica são as datas. Os dias marcados milimetricamente numa tabela imaginária. O que a faz importante é o fato de ser tão vida que não cabe em mim.

quarta-feira, abril 25, 2007

Da vontade de dizer as coisas mais loucas que passam pela minha cabeça, veio o blog. Eu chamo de um exorcismo diário. Porque para mim a tristeza vem com ausência da fala e a grande depressão é aquela que impede a tua comunicação e consome teu pensamento mais criativo. Eu sinto uma necessidade enorme de dizer. Não ser. Pois, comunicar é algo vital, mesmo quando o que eu digo não é compreendido. O melhor ainda está nas entrelinhas. Ou não. Por isso, se você escolheu entrar nesse meu mundinho particular, compartilhe comigo também suas principais felicidades e agústias. Só assim serei humana, no significado mais pleno que a palavra pode assumir.

domingo, abril 22, 2007

Quando se pára para pensar na vida, ela vem como um solavanco. Esses dias em uma típica conversa de bandejão, certos questionamentos bastaram para que eu largasse aquela bandeja prateada. Conversávamos sobre o jeito "foda" de ser de alguns, quando me senti estúpida por não ter um grande conhecimento sobre algo. Não tenho medo de não conseguir trabalhar na W e afins. Meu maior medo é não provar para meu sempre insatisfeito infinito particular, que eu fui capaz de algo notável. Isso não é para parecer propaganda da Walker. Não me pergunte mais o que será de mim depois da Júnior. Eu não sei se quero atendimento ou planejamento. Não gosto das divisórias que a vida profissional impõe. E o cansaço também. Mas me espera sempre no fim de tarde, com um sorriso no rosto e aquela conversa.

quinta-feira, abril 19, 2007

Nunca um planejamento operacional foi tão epifânico. A gente entrou em julho do ano passado e sai pela porta dos fundos em agosto...

terça-feira, abril 17, 2007

Os livros da estante hoje não têm mais tanta importância. Eu diria coerência. Das rosas brancas surgem um choro sutil. Um soluço. Agora ele não pedirá mais três cachorros. "Dois pra viagem". Ele está sem o seu cheirinho. Existem cenas que a nossa mente teima em não esquecer. Isso nos faz dar mais valor a tudo. Ao toque, principalmente. Aos olhos, na cor azul. A infância, essa roubada de forma cruel. Saudades, Campeão.

domingo, abril 15, 2007

Da vontade que sobe dos pés a garganta. Do amor que quase acontece de vez em quando. Da água que escorre depois do banho. Da sensação de clareza depois de um epifanismo barato. Do cheiro de roupa limpa com Fofo. Da alegria por ter realizado alguns sonhos nessa vida, sem precisar ganhar na mega sena. Do vermelho nas unhas. Do verde nas poltronas. De tudo aquilo que vale realmente a pena, quando a solidão e o silêncio bate.

sexta-feira, abril 06, 2007

Ela sabia que não precisava ser o tempo todo feliz. Por isso, assim vivia, sempre no quase a maior parte do tempo. Mas aquele beijo lhe enche de vida. Tinha raros momentos (ela gostava do fato de serem "raros") que subia um arrepio dos pés a cabeça. Sinal de felicidade. Aquela que passa, quando a gente compreende. Mas sentir é o melhor de tudo. É menos racional. Intenso, como tudo que as palavras não se encaixam.

terça-feira, abril 03, 2007

Saudades daquele bucolismo terno
Na cor caramelo
Doce
Saudades daquela vida vivida no alpentre
Das cadeiras de fio que deixavam marcas nas costas
Saudades do chão
De brincar de molhar a terra
Dos castelos de sonhos
Saudades das raízes
Aquelas que mesmo distantes
Ainda me prendem ao chão
Hoje de concreto, não mais, terra.

sábado, março 24, 2007

Tô feliz!

Mudei os móveis da sala
Meu grande amigo vai fazer a capa da fuvest
Eu consegui entrar em casa as seis da manhã (sem chaves)
Ele me pediu pra ligar quando tiver a fim
Voltei a pé alguns dias e vi que não há mal nenhum nisso
Meu irmão está apaixonado
Minha mãe em casa
Os bixos são animados
O pessoal da minha sala também
Meu quarto está quase lá em matéria de organização
Comi rondele hoje

Talvez eu saia, aí vem mais possibilidades

quinta-feira, março 22, 2007

Meu quarto tá bagunçado
A leninha já foi embora
A debra dorme
E eu penso no dia que tá acabando.
Ando tendo uma estranha sensação de ausência de vida.
É tanto.
Trabalho, problema, pressão, aula.
Por falar em aulas, elas andam muito bem, obrigada.
Principalmente as do Clóvis.
Durante uma hora e meia, toda quinta, meu mundo se abre e fecha.
E eu me enquadro naquela típica situação da azeitona no liquidificador
Entendo toda a minha tristeza, aquela que vem no fim de tarde.
Porque eu penso demais.
Isso chega a ser um defeito.
Minha única realidade é aquela cujo significado eu já descifrei
Passou.
Daí vem a ausência de vida, o saudosismo eterno
Eu preciso é largar mão de raciocinar os minutos (passados)
E viver, simplesmente.
Sem sentir o tempo passar...

quarta-feira, março 14, 2007

Ela já estava cansada daqueles eufemismos. Sentia que as máscaras demoravam a cair. Então, caminhou com sutileza até o canto do salão. Pegou um martine com aquela simpática cereja boiando.
(...)
Quando sobe ao palco, sempre olha para os rostos. Eles dizem tudo que você queria ver. Não ouvir. E ela canta, como quem boceja algumas frases soltas. Esse era o seu show particular. Para poucos. Aquele momento era sempre único. A satisfação era imensa.
(...)
No fim da noite, a moça que canta acende um cigarro e dialoga com os poucos que restam. Daí, chega outro e o coração da moça se enche. De amor? Não, de vida mesmo. Porque a moça não vive de amor, ela vive da possibilidade dele acontecer. Porque tudo que é concreto, é meio sem graça. Com isso, ela parte sem pensar no amanhã, no próximo show. Porque querendo ou não a vida por hoje vai se resumir a um colchão no canto da sala.

terça-feira, março 06, 2007

Em dias quentes, o tempo teima em não passar, assim como o trânsito se torna algo infernal. Em dias quentes, eu me lembro daquele frescor familiar, do sofá marrom e das poltronas. Na cor verde. Em dias quentes, o rio parece feder mais e eu penso mais em desistir. Porque é muito difícil viver aqui, por mais que eu finja bem. É muito difícil não ter a Ana, o Lorú, o Tunim e a Rosinha. Mas aí, vem a chuva de fim de tarde. Ela me desperta novamente a sensação de possibilidade que só essa selva de pedra cruel pode oferecer. Aí o saudosismo passa e o novo sempre vem.

quinta-feira, março 01, 2007

Eu tô feliz, vi e ouvi o Chris Martin ao vivo.

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Ele não entende.
Agora ela usa esmalte pink.
E os anos passam como aquela água que escorre no ralo
Ali ó.
A distância que os separa já não é mais física
É mental-psicológica.
Hãn?
E assim (...)
Tudo volta a ser transubstanciação da matéria.
Ou, quem sabe, somente um niilismo barato e passageiro.
Deus queira.


terça-feira, fevereiro 13, 2007

Resolvi falar um pouco da matrícula. Impossível não ser um pouquinho saudosista com aquele pincel na mão. Lembrei o quanto é emocionante estar ali, vivendo aquele momento. A gente se sente tão perdido, fora de contexto, mas ao mesmo tempo a ECA já se mostra tão interessante e acolhedora. Arrepiei. Um sonho realizado: existe sensação melhor?
Com o tempo você descobre que 90% do que você aprende, sente, vive nessa escola não tem nada a ver com o seu curso. Isso é o mais genial. O melhor está nas pessoas. O interessante está na conversa. O engraçado pode estar na bebida ou algo mais. E assim, o tempo passa. E eu me delicio com a graça de ser veterana. Ser ecana. Juniora. "Oh! ECA maravilhosa".

sábado, fevereiro 10, 2007

E assim começa mais um fim de semana longe de casa a mais de uma semana.
A gente vive junto e a gente se dá bem.
As coisas fluem como num cotidiano óbvio.
O quarto é arrumado.
Penduro um novo quadro na parede.
A expectativa é nula.
Ele me pede para ler seu e-mail.
Sou uma menina do tempo de cartas.
Complicada.
A gente fez um bolo.
Quentinho de laranja.
Gostinho de vó.
No fim da tarde.
Aquele papo.
A filosofia barata e cotidiana.
Isso me alimenta.
Isso é tão gostoso quanto o bolo quentinho.
Saudades, vó.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

Eu estou desiludida. Com o mundo. Com os homens. Não é por causa dos últimos acontecimentos pessoais. É por causa daquela notícia de jornal. Um menino morre, após um assalto, sendo arrastado por mais de 8 ruas. 8 ruas. Arrastado. Meu deus. A que ponto chegamos?Onde iremos parar?Não sei. Estou a mercê do verbo "esperar". Esperar que violência se torne menos cruel e fria. Esperar que o consenso aconteça. Esperar que nada mude. Esperar que um câncer não leve embora uma pessoa que eu amo. Esperar que o aquecimento global seja amenizado. Esperar aquele olhar. Esperar aquela palavra. Esperar que tudo dê certo. Esperar. E só.

domingo, fevereiro 04, 2007

Ele sabia que um dia os dois iriam se encontrar novamente. Depois daqueles anos, deitados naquele colchão na sala. Era muito intimidade. Ele amava seus defeitos. Ela tentava relevar os dele. Ele tinha a certeza de toda aquela eternidade visível. Ela fechava os olhos. Olhando aquela pia cheia de louças sujas. Será essa a sua sina? Um dia, naquele fim de tarde, ela pega alguns pertences. Voa. Ele procura. E sabe. Ela prefere a euforia de Londres. Não a calmaria do campo.

terça-feira, janeiro 23, 2007

Desintoxicando-se dos bons males. Fugi!!!

sábado, janeiro 20, 2007

Ok. Eu vim pra cá fazer cinema. E hoje cuido de "Recursos Humanos". Gosto, sem ter escolhido. E aprendo muito. Cada palavra que eu falo e escuto me enriquece de uma forma assustadora. Observo muito. Penso. Sinto muito medo. Isso não está nos livros. E chego a conclusão de que a minha maior paixão não são as máquinas, a tecnologia, a apple, a modernidade, a técnica. Eu amo mesmo as pessoas (e suas deliciosas teorias). As histórias, as lembranças, os pontos de vistas e discuções. Por isso, quando eu não tiver nenhum compromisso com nada, eu quero é sair pelo mundo, com uma câmera na mão e muita paciência para ouvir. Porque todo mundo tem algo a dizer, assim simples, como quem boceja num fim de tarde. Mas não menos interessante. Transcendente.

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Ela acordou. Enjoada das bolinhas que enfeitavam seu edredon.

segunda-feira, janeiro 15, 2007

Quando eu morava com a minha mãe, as catástrofes exploradas pela globo news eram muito distante. Agora, é aqui do lado. Estranho. Porque eu ainda continuo com aquela sensação de que tudo isso aconteceu em outro lugar, com outras pessoas.

sábado, janeiro 13, 2007

Vamos falar sobre cinema, porque a vida tá meio paradinha...
Essa semana eu assisti dois filmes no confortável "Cinemark" do Eldorado. Primeiro: só elogios a infra-estrutura do cinema, ele é lindo, chique, "cult", moderno, etc etc... Um dos mais bonitos que eu já vi. Quanto aos filmes, vamos por parte...
No sábado passado, assisti "cassino royale". Eu nunca gostei de nenhum 007, mas esse me conquistou de uma tal maneira, que eu fui obrigada a rever os meus conceitos. O filme é visualmente expetacular, começa com uma sequência de perseguição que faz uso do moderno "esporte" Lepacur (animal!!!!). Sem contar os lugares maravilhosos, a própria Eva Green (linda!!!), os carros, as "sacadinhas" do próprio roteiro. Mas a grande felicidade do filme é Daniel Craig, que na minha opinião, é lindíssimo sendo quase feio. Ele se mostra um "Bond" verdadeiro, cheio de sangue e nenhum glamour, que tem medo e confia nas pessoas. A história é simples, mas vale muito a pena conferir.
Na terça, o filme do dia foi "Diamante de Sangue". Ok... Leonardo Di Caprio ainda não convence como um malandro em plena Serra Leoa, durante a guerra civil. Mas o filme, apesar de todo idealismo, é bem interessante, pela história que retrata, algumas lições que o personagem de Di Caprio passa e pela própria atuação do mesmo. O sotaque "sul-africano" que o ator imita é bem interessante(a sonoridade convence). É muito bom ver Djimon Hounson (Gladiador) nas telonas, ele é o máximo, verdadeiro, transborda emoção pelo olhar. A única coisa negativa, nem tem a ver com o próprio filme, mas é que no domingo eu tinha assistido "Jardineiro Fiel", que também se passa na África, mas uma África muito melhor retratada, filmada, por uma visão de um verdadeiro "subdesenvolvido", o que me fez perceber o quanto Meirelles é genial.
Entre a riqueza de "Bond" e a miséria africana... eu fico por aqui, pasmada com a realidade paulistana, com cenas dignas das grandes produções americanas.

segunda-feira, janeiro 08, 2007

É bom voltar, apesar de deixar para traz coisas e pessoas também importantes. Egoísmo? Não, somente uma mudança. A vida agora já se pode ser vista por outro ângulo. A minha casa fica aqui no Butantã. Apartamento 33. Bloco C. Minha mãe me visita as vezes. E eu visito ela. Na casa dela, que já não é mais a minha. Mas os sentimentos perduram intactos como pedra. As lembranças são os verdadeiros laços.

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Um poema. Um amigo (O que mais posso querer nessa vida?).

Boemia

Andando pelos cantos
presumo
Noites e noites de boemia
consumo
Pao com mortadela ou mussarella?
presunto
Ideias sem fertilizante
insumo
Quando ele olhou para ela
ri muito
Se voce nao mais me quer
eu sumo
Fujo para o mundo
sem rumo

(Iuri Ribeiro)