sexta-feira, março 28, 2008

O dia era só uma manhã nebulosa. Ela sentia como se todo o sofrimento feminino de décadas estivesse estacionado no seu peito. Sofria toda a dor de gerações de mulheres. Desde aquelas arrastadas pelos cabelos até a neurose contemporânea.
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Ele a olhava durmir, ela sabia. Ele, de fato, nunca entenderia seu conteúdo interno. Todo aperto de uma vida interior, chamado de infinito particular. Ela queria compartilhar seus pensamentos, mas não encontrava o modo exato. Assim, respirava fundo, fechava os olhos em busca de paz exterior.
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Ela queria era esquecer quem era e o que fazia. Queria cultivar suas flores, ter um jardim secreto chamado vida.

quarta-feira, março 19, 2008

Agora ela não queria viver nada raso. Queria deixar as mediocridades para depois, quando tivesse uns sessenta anos. Por enquanto, nada de missas, orações e velórios.
Durante a noite, abria as janelas da sua alma, enquanto ele fumava seu cigarro noturno. Nada de sopas ralas ou manias de vegetariano. Ela queria que a vida fosse doce como brigadeiro de panela. E era.

quarta-feira, março 12, 2008

My tears dry on their own.

Eu queria ser a Amy, por um dia.

terça-feira, março 11, 2008

Deitados na grama, ela olhava bem no fundo dos seus olhos e desviava. Se sentia de certa forma invadida pelo sentimento que ele lhe causava. Era a sua queda do muro de Berlim, antes devastada por muitas guerras. Mesmo com medo de nunca saber o que realmente se passa na idéia do outro, ela aceitou e foi feliz naquele momento. Sem se importar com as meias sujas e as toalhas molhadas em cima da cama. Decidiu se guiar de acordo com as necessidades mais momentâneas e as vontades mais toscas. E assim: foi viver seus sonhos de nhá benta.

segunda-feira, março 03, 2008

Por mais que ela tentasse, era inevitável o desejo de não pertencer a esse mundo, esse tempo. Tudo ao seu redor era agora sem graça. A vitalidade estava perdida. Predominava um ar blasé, como quem não quer nada. E ela ria da graça sem graça disso.
O que queria mesmo era congelar momentos. Vivê-los até enjoar, de novo, mais uma vez. Porque as borboletas teimavam em voar no seu estômago, quando pensava em tudo aquilo. Nada está completamente perdido, sempre. Mas de vez em quando, as coisas demoram a acontecer.