sexta-feira, julho 27, 2007
Junto com o fim de tarde sempre vinha aquele sentimento estranho, um tipo de luto particular. A ausência era algo que a enlouquecia, até mais que a solidão. Mas mesmo assim, existia a possibilidade do sentimento ainda não corrompido pela certeza, pela rotina de cada dia. Então, eis que surge ele. E a vida que poderia ter sido e sempre foi. Porque afinal, agora eles poderiam casar e ter filhos. Ou não. Apenas poderiam curtir a tediante maturidade de ambos. E esperar pelos próximos capítulos.
terça-feira, julho 17, 2007
A amizade é um namoro sem fim. Como diria o poeta "O amor que nunca morre". Esses dias eu tenho voltado para o sertão: ando cultivando com muita risada e conversa boa, meus antigos amigos. Aqueles que no meu álbum eu chamo de "Meus pezim de arvace". Daí, quando eu estou lá, eu sinto falta da intensidade daqui. Os amigos da selva de pedra têm função e gosto diferente. É como se eles desconhecessem a minha real razão de amá-los. Mas, tanto a velha guarda, como os meus novos laços, dia após dia solidificam meu ser, na sua essência mais plena. Pois amizade para mim sempre apresentou uma importância sem precisar de causa e consequência, não é bala de troco. É tudo que me permite e não me cansa.
segunda-feira, julho 09, 2007
Do silêncio que vinha dos pratos, surgiu uma dor que vinha do ventre até a cabeça. Assim, o choro era contido, por entre os talheres de prata. Os olhares se perdiam em meio a conveniência de cada dia. A rotina escondia a avalanche de sentimentos e medos, enquanto a sobremesa não vinha. Os pequenos prazeres a ajudavam esquecer as dificuldades internas. Quando ele surgiu no canto da sala, a comida desceu seca. Rapidamente sua taça se encheu de vida até a boca e ela conseguiu ver uma luz no fim do salão. A aproximação foi rápida: com os olhos (agora fixos), conversaram no silêncio mais esclarecedor de suas vidas. Então: o beijo. E fogos de artifício, imaginários.
quinta-feira, julho 05, 2007
Naquele bilhete as palavras foram escritas com caramelo. A mesma cor dos olhos que hoje pouco vê. Mas mesmo assim, apesar da saudade imensa, o mesmo gosto ainda sobrevive. Porque era difícil se adaptar aquele novo sabor de pedra e concreto. Agora, existia a imensidão dos edifícios e a dificuldade de entender seu papel no mundo. Como um grão de areia, tentava reler antigos textos, encontrar uma razão cada vez mais fugitiva e inimiga. O medo de tudo, nunca de todos, cercava seu mundo na metrópole. Afinal, toda imensidão é um grande vazio de coisas, sempre a procura de almas inquietantes.
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